sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Memórias de um vício incerto I

As férias de verão.Algo tão esperado para todos os adolescentes, pelo simples fato de poder viver de maneira irreverente, sem se importar com provas, tarefas ou pais ligando a cada 5 minutos.Mas para eu, Nicole Gonzaga, o que realmente importa nas férias são os shows, as bebidas e principalmente as amigas, como aquela de cabelos negros a quem eu me refiro, a garota que me mostrou como o mundo é diferente quando se sai de quatro paredes, seu nome talvez soe comum para muitos, pois já tiveram a oportunidade de conheçer o seu lado bondoso que é tão superficial, Raquel Morais, a garota rosada de vinho, iluminada por singelos sorrisos.Lembro-me bem da ultima vez que estive com ela.Não fazem mais de anos quando pude escutá-la reclamando sobre a vida, me ensinando a amar as pessoas de verdade, em principal um de seus amigos, o qual eu considerava muito amorosamente.Era incrível como ela não percebia o seu limite e assim eu cuidava dela, a segurava e dizia "Tudo vai ficar bem, não se preocupe", mesmo que isso não ajudasse muito quando vem da boca de uma bêbada. O que nunca irei esqueçer é um dia chuvoso, onde policiais vieram em nosso encontro, por sorte ela teve a imensa vontade de ir até o arbusto mais próximo, não vou espeficar os fatos.Sei que ela acabou perdendo algo de valor e enquanto garotos riam de sua cara, eu não sabia o que ver, queria estar "limpa" nessas horas, para pensar melhor e aconselhá-la de maneira correta.Logo após ela ter achado o seu bem material, ela se deitou na grama e sorriu aliviada para mim, de certa forma esse sorriso deve ter se expandido em minha face também, alegria incomparável, uma sensação de que tudo deu certo mais uma vez, então serenamente acalmei-a, como era de costume."Se procurasse no dicionário "Brilho Máximo" com toda a certeza teria uma foto de nós duas juntas, sentadas no chão, contendo pequenas letrinhas de cabeçalho com escritas do tipo Essa é a vida de duas garotas de faixa etária 14-16 anos.Cuidem-se para não cair nesse mesmo mundo" Sorri então para aquela garota rosada e dei-lhe tapinhas nas costas para demonstrar conforto.Essa foi a ultima vez que a vi, não sei como ela está após todos esses longos sete anos.Talvez ela esteja a mesma garota inocente e humilde que eu conheçia, que tentava se divertir ao máximo, mesmo quando a desgraça era alheia demais para tal sensação.Ou simplesmente ela seja uma senhora, com o auge de sua vida, uma carreira médica formada e assim viva melhor do que eu, abandonada pelo álcool.Sinto falta daqueles momentos, onde eu me controlava para o bem dela.

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